quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Dissecando o padrão de vida

Sair da faculdade e começar a ganhar nosso próprio dinheiro geralmente coincide com nosso amadurecimento pessoal, e nossa busca por um estilo de vida mais sofisticado. Um vinho tem que ser bebido em uma taça (e não mais em qualuqer recipiente, inclusive xícaras) e de preferência de boa qualidade (agora vc sabe diferenciar). Viver com um miojo por refeição 2 vezes ao dia e um pufe de um só lugar como sofá já não rola mais. Se depois de começar a trabalhar vc ainda vive assim, tenho certeza que quer mudar de padrão o quanto antes.

Com esse contexto e com a escala profissional e financeira, é comum adquirimos gastos que antes não tínhamos e aumentar a qualidade dos serviços e produtos, deixando toda a estrutura de custos pessoais mais caras. Vc não tem mais o mesmo tempo, então a academia tem que ter vestiário, e por isso custa mais. Além disso nosso espectro de vida muda, e começa a ficar feio não dar presentes de casamento, e vc quer casar, comprar casa, e essas coisas são caras.

Após um tempo nos acostumamos com estes gastos e as comodidades que estes trazem, e é aí que a coisa fica perigosa.

Tenha uma mente econômica. Isso significa que vc deve cortar tudo que não é necessário. Ao invés de "proteger" seus confortos, olhe a eles com um critério severo. Comece do mais básico para o mais supérfluo e questione cada linha de custo. Vc precisa mesmo de funcionária doméstica todos os dias da semana? Vc está indo à academia? Aquelas 160 canais HD servem pra que mesmo? Aplique isso a tudo.

Procure substituir o ótimo e caro pelo bom e barato. Isso lhe custará um tempo de pesquisa, mas vale muito a pena. Alguns exemplos de quais custos vc pode baixar: busque referências de serviços de reparo da casa para não pagar um encanador caro e que não vai resolver seu problema; componha seu guarda-roupa com peças de marcas mais caras e outras médias mas de boa qualidade; procure comer ao menos 2 refeições em casa por dia (ou leve um lanche para o trabalho);  assuma algumas tarefas domésticas e reduza os dias da diarista; procure meios alternativos de hospedagem em viajens internacionais, como o Air BnB e albergues; se vc é casado, veja se ter apenas um carro é suficiente para as atividades da família, ou, se é solteiro, veja se precisa mesmo de um carro.

Algumas vezes estes cortes não vão valer a pena, pois vão te tomar um tempo e energia preciosos, que vc poderia estar empregando em um projeto pessoal ou em se desenvolver profissionalmente. Pondere bem a respeito.

Se viver fazendo este exercício e sem a máxima qualidade em cada produto e serviço lhe parecem um estilo de vida desanimador, aí vc simplesmente terá que ganhar mais. Há várias formas de fazer isso, mas este não é o tema central deste artigo. Mas vou dar um dica: segunda a FGV, cada ano de estudo corresponde ao aumento de 10% em um salário.

Reflita se o que tem valor para os outros tem de fato valor pra vc. Casamento, paternidade, e outras atividades geraram mercados que oferecem serviços de alta qualidade e opções, mas será que vc precisa de todos eles? Ultimamente tem sido moda viajar a Miami para fazer o enxoval do bebê. É maravilhoso que as pessoas possam unir o útil ao agradável dessa forma, mas uma viagem a Miami tem um gasto razoável, mesmo que a viajem versus a economia das compras do bebê fique "elas por elas". Será que vc precisa de uma festa de arromba de casamento ou uma cerimônia mais simples com um brinde e almoço em família é o suficiente? Viajar todo ano é realmente um sonho seu ou uma área de leve interesse pelas boas experiências que seus amigos tem contado? Pense sobre o que realmente lhe satisfaça, e não ligue para o padrão dos outros.


Não associe o aumento de renda ao aumento do padrão de vida. Quando recebemos uma boa notícia sobre uma promoção, um contrato, ou qualquer tipo de aumento de renda, mergulhamos em um tobogã de possibilidades do que fazer com a nova renda. É uma varição curiosa da fantasia "como gastaria o dinheiro se ganhasse na loto", pq a quantia é bem menor, mas é real. Celebre essa conquista com os amigos e a família, é um ritual importante, mas considere outras opções, como investir e poupar. Os brasileiros não tem a cultura do patrimônio, e por isso muito poucas pessoas consideram essa possibilidade quando tem uma folga no orçamento. Por que isso pode ser tão empolgante quanto comprar um carro novo? Veja no próximo artigo.



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